sábado, 14 de novembro de 2009
Insectos revelam data da morte por CÉU NEVES
É mesmo verdade. As moscas são as primeiras a aparecer quando há algo em decomposição. Também é assim com os cadáveres. As várias espécies de moscas vão-se sucedendo, como os vários tipos de insectos, que vão deixando o "testemunho" de acordo com os seus apetites.
Ao estudo de toda esta sucessão chama-se entomologia forense. A ciência que pode dizer há quanto tempo a pessoa morreu, em que estação do ano e onde. E mais um ou outro dado que pode complementar a investigação criminal.
A ciência dá os primeiros passos em Portugal e através de Catarina Prado e Castro, que, em breve, se tornará na primeira doutorada no País em Entomologia Forense, habilitação que está a concluir entre Portugal e Espanha.
Os cadáveres em decomposição constituem o seu objecto de estudo. Quer perceber de que forma as espécies colonizam um corpo em Portugal e aplicar essa observação à perícia criminal. É que este processo está intimamente ligado à temperatura ambiente, logo, ao clima e ao local onde se dá a decomposição do corpo.
As Calliphoridae (varejeiras) são as primeiras a aparecer. Apoderam-se dos orifícios e das feridas e ali põe os ovos. Depois nascem as larvas - as grandes consumidoras de biomassa -, que crescem até se encasularem, dando lugar às pupas (crisálidas), que por sua vez se transformam em moscas. E assim sucessivamente. Quando o entomólogo analisa um corpo, vai ter de fazer contas para trás, ou seja, perceber quando ocorreu a morte.
A datação tem, apesar de tudo, limites. Mas há poucas alternativas: a partir das 72 horas, os patologistas têm dificuldade em saber quando a pessoa morreu.
"Através do estudo de insectos, posso dizer há quantos dias a pessoa morreu e até um período de 40 dias, no máximo 60. Quando já está muito decomposto e a actividade dos insectos é menor, não posso dar o número de dias, mas a estação do ano", explica Catarina Prado.
Foi assim que a investigadora conseguiu perceber que um corpo encontrado em Março na serra da Arrábida, em Setúbal, correspondia a uma pessoa desaparecida em Outubro.
Catarina Prado conta o caso de um cadáver já esqueletizado, de identidade desconhecida. "Pensei que só fosse possível dizer: 'Está morto há mais de 40 dias.' Mas o cadáver tinha casulos de uma espécie que não há no Inverno (Chrysomy megacephala) e foi possível dizer que, pelo menos a morte não tinha ocorrido nesta estação do ano." E isto significa que se eliminaram todos os desaparecidos no Inverno, listas que a PJ disponibiliza.
Outra das possibilidades da área é perceber se a pessoa faleceu no local onde foi encontrado o corpo ou se foi deslocada, se morreu numa casa ou ao ar livre, por exemplo.
Mas a análise do entomólogo não se fica pela verificação da fauna. A análise do suco gástrico de uma larva (o que comeu) pode indicar se é massa do cadáver (se não for, o insecto é eliminado) e detectar a presença de drogas quando essa investigação já não é possível de detectar no cadáver, por quase só existir esqueleto. Permite, até, tirar uma amostra de ADN para comparação.
E há toda uma série de dados complementares para a investigação policial que podem ser dados por esta ciência, nomeadamente, chamar a atenção para feridas, sémen ou outros líquidos e fluidos. É que as moscas procuram em primeiro lugar os líquidos, daí que se instalem nos orifícios e feridas.
http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1420587
Ao estudo de toda esta sucessão chama-se entomologia forense. A ciência que pode dizer há quanto tempo a pessoa morreu, em que estação do ano e onde. E mais um ou outro dado que pode complementar a investigação criminal.
A ciência dá os primeiros passos em Portugal e através de Catarina Prado e Castro, que, em breve, se tornará na primeira doutorada no País em Entomologia Forense, habilitação que está a concluir entre Portugal e Espanha.
Os cadáveres em decomposição constituem o seu objecto de estudo. Quer perceber de que forma as espécies colonizam um corpo em Portugal e aplicar essa observação à perícia criminal. É que este processo está intimamente ligado à temperatura ambiente, logo, ao clima e ao local onde se dá a decomposição do corpo.
As Calliphoridae (varejeiras) são as primeiras a aparecer. Apoderam-se dos orifícios e das feridas e ali põe os ovos. Depois nascem as larvas - as grandes consumidoras de biomassa -, que crescem até se encasularem, dando lugar às pupas (crisálidas), que por sua vez se transformam em moscas. E assim sucessivamente. Quando o entomólogo analisa um corpo, vai ter de fazer contas para trás, ou seja, perceber quando ocorreu a morte.
A datação tem, apesar de tudo, limites. Mas há poucas alternativas: a partir das 72 horas, os patologistas têm dificuldade em saber quando a pessoa morreu.
"Através do estudo de insectos, posso dizer há quantos dias a pessoa morreu e até um período de 40 dias, no máximo 60. Quando já está muito decomposto e a actividade dos insectos é menor, não posso dar o número de dias, mas a estação do ano", explica Catarina Prado.
Foi assim que a investigadora conseguiu perceber que um corpo encontrado em Março na serra da Arrábida, em Setúbal, correspondia a uma pessoa desaparecida em Outubro.
Catarina Prado conta o caso de um cadáver já esqueletizado, de identidade desconhecida. "Pensei que só fosse possível dizer: 'Está morto há mais de 40 dias.' Mas o cadáver tinha casulos de uma espécie que não há no Inverno (Chrysomy megacephala) e foi possível dizer que, pelo menos a morte não tinha ocorrido nesta estação do ano." E isto significa que se eliminaram todos os desaparecidos no Inverno, listas que a PJ disponibiliza.
Outra das possibilidades da área é perceber se a pessoa faleceu no local onde foi encontrado o corpo ou se foi deslocada, se morreu numa casa ou ao ar livre, por exemplo.
Mas a análise do entomólogo não se fica pela verificação da fauna. A análise do suco gástrico de uma larva (o que comeu) pode indicar se é massa do cadáver (se não for, o insecto é eliminado) e detectar a presença de drogas quando essa investigação já não é possível de detectar no cadáver, por quase só existir esqueleto. Permite, até, tirar uma amostra de ADN para comparação.
E há toda uma série de dados complementares para a investigação policial que podem ser dados por esta ciência, nomeadamente, chamar a atenção para feridas, sémen ou outros líquidos e fluidos. É que as moscas procuram em primeiro lugar os líquidos, daí que se instalem nos orifícios e feridas.
http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1420587
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Mosca embebedada ajuda a entender alcoolismo
Ciência
Mosca embebedada ajuda a entender alcoolismo
Terça-feira, 03 de novembro de 2009 - 16h19Wiki Commons |
SÃO PAULO – Pesquisadores embebedam moscas para encontrar genes responsáveis pela tolerância alcoólica no inseto – e descobrem que os resultados têm aplicação em humanos.
A ideia partiu de cientistas das universidades North Carolina State e Boston e tinha o objetivo de identificar redes inteiras de genes que têm papel fundamental no comportamento do animal em relação à bebida.
Ao mesmo tempo, eles registraram as mudanças nas expressões de todos os genes dos insetos utilizados. Em seguida, métodos estatísticos permitiram aos cientistas destacar aqueles com papel crucial na exposição ao álcool.
Os pesquisadores então compararam essas informações a humanos e descobriram que os mesmos genes encontrados na mosca da fruta podem estar diretamente ligados ao consumo de álcool nos homens.
O estudo publicado na Genetics fornece explicações de porque algumas pessoas parecem tolerar melhor o álcool do que outras. Ele também pode ser usado para desenvolver drogas para prevenir ou eliminar o alcoolismo - já que o consumo do álcool é responsável por 1,8 milhões de mortes no mundo por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/mosca-embebedada-ajuda-a-entender-alcool
A ideia partiu de cientistas das universidades North Carolina State e Boston e tinha o objetivo de identificar redes inteiras de genes que têm papel fundamental no comportamento do animal em relação à bebida.
Leia também:
Robert Anholt, um dos líderes do estudo, e seus colegas primeiro mediram a quantidade de tempo que levou para as moscas de fruta perderem o controle de sua postura após exposição ao álcool.Ao mesmo tempo, eles registraram as mudanças nas expressões de todos os genes dos insetos utilizados. Em seguida, métodos estatísticos permitiram aos cientistas destacar aqueles com papel crucial na exposição ao álcool.
Os pesquisadores então compararam essas informações a humanos e descobriram que os mesmos genes encontrados na mosca da fruta podem estar diretamente ligados ao consumo de álcool nos homens.
O estudo publicado na Genetics fornece explicações de porque algumas pessoas parecem tolerar melhor o álcool do que outras. Ele também pode ser usado para desenvolver drogas para prevenir ou eliminar o alcoolismo - já que o consumo do álcool é responsável por 1,8 milhões de mortes no mundo por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/mosca-embebedada-ajuda-a-entender-alcool
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